PROJEÇÃO
Juro alto e incertezas no exterior devem esfriar a economia, dizem especialistas

O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu mais uma vez. Nesta sexta-feira (7), o IBGE mostrou que a atividade econômica do país cresceu 3,4% em 2024, uma nova aceleração em relação a 2023, quando havia crescido 3,2%.

O número representa o maior crescimento da atividade econômica desde 2021. Mas, segundo especialistas, agora há mais elementos para acreditar que o novo ciclo de alta da taxa básica de juros deve consolidar uma desaceleração da economia em 2025.

Isso porque a expectativa é que a Selic chegue à casa dos 15% ao ano em 2025, no maior valor em 19 anos. O movimento deve limitar o avanço do consumo e dos investimentos, o que, por sua vez, também tende a frear setores como indústria e serviços.

Diante de um Banco Central do Brasil (BC) mais duro com a política de juros, e com o aumento das incertezas econômicas no exterior — principalmente em meio às dúvidas sobre a política tarifária do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e seus efeitos pelo mundo —, a estimativa é que a economia brasileira finalmente arrefeça e os efeitos passem a ser sentidos pela população por meio da redução do consumo e do encarecimento do crédito.

Os diversos reajustes nas projeções do mercado
Uma desaceleração da economia já era esperada pelo mercado desde 2023. Por dois anos consecutivos, no entanto, as previsões não se concretizaram.

Dados do boletim Focus, por exemplo, relatório semanal do BC que reúne as projeções do mercado financeiro, mostram que a estimativa de uma desaceleração da economia em 2024 começou em junho do ano anterior.

Na época, os economistas começaram a prever um PIB de 1,68% em 2023, e de 1,28% para 2024. No final de 2023, essas projeções passaram para avanços de 2,92% e 1,52%, respectivamente.

Uma série de fatores trouxe surpresas positivas para a atividade brasileira. Considerando o primeiro Focus de cada ano, por exemplo, tanto o de 2023 quanto o de 2024 tiveram crescimentos bem superiores ao esperado pelo mercado.

Por que o mercado errou tantas projeções até agora?
Especialistas consultados explicam que os erros nas projeções dos analistas aconteceram, em parte, porque muitos não esperavam uma duração tão longa dos efeitos dos estímulos à economia — que já vêm desde a pandemia.

De acordo com Juliana Trece, economista do núcleo de contas nacionais do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV Ibre), a grande variedade de auxílios sociais e reajustes salariais nos últimos anos injetaram dinheiro na economia e estimularam o consumo.

“Você consome mais, então os empresários contratam mais. E quando empregam mais pessoas, há um aumento do consumo e assim a economia gira”, explica a economista.

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