O dólar teve forte alta nesta sexta-feira (21) marcada por falas do ministro da Fazenda Fernando Haddad sobre equilíbrio no orçamento e do diretor de política monetária do Banco Central, Nilton David, sobre as perspectivas para a inflação no país.
Os investidores seguem ponderando os planos tarifários dos Estados Unidos, as incertezas geopolíticas e a trajetória da taxa de juros do Fed (Federal Reserve, banco central americano), diante de um acordo comercial entre EUA e China, além de um cessar-fogo na Guerra da Ucrânia.
Às 16h31, a moeda americana tinha alta de 0,41%, a R$ 5,727 na venda, após ter encerrado com queda de 0,37%, cotado a R$ 5,704, na véspera.
Já a Bolsa caiu 0,74%, aos 126.651 pontos, com as ações das Lojas Renner despencando 13,05% após anunciar lucro de R$ 487,2 milhões no quarto trimestre, abaixo das expectativas do mercado. Na quinta (20), a Bolsa fechou com uma alta leve de 0,22%, aos 127.600 pontos.
Começando pela ponta doméstica, o mercado repercutia uma entrevista concedida por Haddad ao ICL Notícias, nesta sexta, em que disse que um governo com Orçamento equilibrado é condição para o desenvolvimento sustentável do país, inclusive para levar a inflação e os juros para baixo.
“Nós temos um compromisso com a questão fiscal, fizemos o ajuste ano passado. O Orçamento pode ser aprovado com equilíbrio nas contas, é o que garante a sustentabilidade da economia brasileira no médio e longo prazo, um crescimento com inflação baixa, que é a nossa obsessão”, afirmou o ministro.
Sinalizações de compromisso com as medidas fiscais e equilíbrio nas contas públicas tendem a diminuir as preocupações do mercado com o governo.
Na avaliação de Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, a tendência do dólar é continuar em patamares mais baixos, a depender da comunicação do governo em relação às medidas de compromisso fiscal.
“Se a qualquer momento o governo fizer alguma besteira, o dólar volta para R$ 6. Então qualquer tipo de erro de comunicação ou falha no argumento em relação ao arcabouço podem gerar um descompasso. O mercado já mostrou o quanto o nível de estresse pode afetar a curva de juros e do dólar”, disse.
Na entrevista, Haddad também disse acreditar que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) chegará “muito competitivo” às eleições de 2026, reafirmando que não tem pretensão de concorrer a nenhum cargo.
“[O presidente Lula] é de longe o nome mais forte do nosso campo e tem todas as condições de concorrer e vejo ele gozar de plena saúde”, disse.