O senador Ciro Nogueira, presidente nacional do Progressistas (PP), afirmou nesta sexta-feira (7) que a pressão dentro do partido tem aumentado para que o ministro do Esporte, André Fufuca, deixe o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “Para mim, Fufuca nem deveria ter aceitado o ministério. Não quero mais adiar essa decisão”, declarou.
Dirigentes e líderes de partidos do Centrão e de outras legendas de centro e centro-direita têm demonstrado desconforto com as recentes mudanças indicadas pelo governo Lula. Além da escolha predominante de políticos do PT para a reforma ministerial – como Alexandre Padilha na Saúde e Gleisi Hoffmann na Secretaria das Relações Institucionais (SRI) –, a queda na popularidade do presidente tem levado esses grupos a questionar sua permanência na base governista no Congresso.
Aliado de primeira hora do ex-presidente Jair Bolsonaro e opositor declarado de Lula, Nogueira tem vocalizado a insatisfação de seu partido com a atual gestão. O Palácio do Planalto, por sua vez, já identificou que o descontentamento se estende a outras siglas do centro, como MDB, PSD, União Brasil e Republicanos. Diante disso, o governo pretende intensificar o diálogo com essas legendas na próxima semana para minimizar as críticas.
Na entrevista à GloboNews, Nogueira enfatizou que o PP nunca integrou formalmente o governo Lula. Segundo ele, Fufuca aceitou o ministério por um convite pessoal do presidente, sem representar um alinhamento do partido ao governo.
“Não se trata nem de sair do governo, porque nunca entramos. Mas essa situação tem gerado certo constrangimento. Há pressão da bancada para tomar uma decisão”, afirmou o senador, acrescentando que pretende discutir o tema com lideranças partidárias.
Articulação com Lira e Estratégia para 2026
A entrada de nomes do PP no governo foi articulada diretamente pelo então presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), visando atender parlamentares do Centrão com boa relação com o Planalto. Além da nomeação de Fufuca para o Ministério do Esporte, o partido também garantiu a presidência da Caixa Econômica Federal com Carlos Antônio Vieira, indicado por Lira.
Nos bastidores, aliados de Lula avaliam que Nogueira busca fortalecer sua posição política e reforçar sua aliança com Bolsonaro, a quem visitou recentemente em Angra dos Reis (RJ) durante o carnaval. Ex-ministro da Casa Civil no governo Bolsonaro, ele é visto no Planalto como um representante da oposição e estaria mirando sua reeleição ao Senado em 2026 ou até mesmo uma vaga como vice-presidente em uma chapa oposicionista.
Apoio a Guilherme Derrite
Na quinta-feira (5), Nogueira revelou ao Estadão/Broadcast que o secretário de Segurança Pública de São Paulo, Guilherme Derrite, deve deixar o PL para migrar para o PP e disputar uma vaga no Senado por São Paulo em 2026.
O movimento foi acertado com o aval de Bolsonaro, em uma reunião entre os três realizada em Angra dos Reis no dia 4 de março. Derrite, que iniciou sua trajetória política no PP e depois migrou para o PL, foi escolhido por Tarcísio de Freitas (Republicanos) para comandar a segurança pública paulista. Seu perfil rígido no combate ao crime gerou polêmica devido ao aumento da violência policial, mas, apesar das críticas, Tarcísio reafirmou que ele permanecerá no cargo.
No governo estadual, Derrite se consolidou como um dos principais representantes do bolsonarismo, reforçando sua influência política para futuras disputas eleitorais.