As negociações para definir a nova composição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados seguem intensas e envolvem uma disputa entre o União Brasil, terceira maior bancada da Casa, e o Podemos, partido com apenas 14 deputados.
No dia 1º de fevereiro, a Câmara realizará a provável eleição de Hugo Motta (Republicanos-PB) como presidente, sucedendo Arthur Lira (PP-AL). Além da presidência, serão renovadas duas vice-presidências e quatro secretarias da Mesa.
Com o Republicanos assumindo a presidência, a primeira-vice deverá ficar com o PL, maior bancada da Câmara (93 deputados), sendo Altineu Côrtes (RJ) o mais cotado. Já a segunda-vice está prevista para o PP de Lira (50 deputados), com Lula da Fonte (PE), de 24 anos, liderando as preferências.
O PT, com 67 deputados, ocupará a Primeira-Secretaria, considerada a “prefeitura da Câmara”, que ficará sob a gestão de Carlos Veras (PE). As outras três secretarias, pelo critério do tamanho das bancadas, seriam destinadas ao União Brasil (59 deputados), PSD e MDB (ambos com 44).
No entanto, o Podemos, que apoiou Hugo Motta desde o início, reivindica uma das vagas. A presidente do partido, Renata Abreu (SP), afirmou que o acordo firmado com Hugo Motta e Arthur Lira garante ao Podemos a terceira ou quarta secretaria.
Já o União Brasil, que inicialmente resistiu à candidatura de Motta, descarta a possibilidade de ficar fora da Mesa e ainda pleiteia a segunda-vice-presidência. O partido cogita indicar Elmar Nascimento (BA) para o cargo.
No Republicanos, a avaliação é de que será difícil excluir o União Brasil da Mesa, mesmo com o acordo feito com o Podemos. Uma alternativa em análise é oferecer ao Podemos outra função de destaque, como a presidência da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), a mais importante da Câmara.
Além dos cargos na Mesa, outro ponto crítico das negociações é a relatoria do Orçamento da União. Embora prometida ao MDB no ano passado, o União Brasil também reivindica o posto e afirma ter o compromisso de Hugo Motta nesse sentido.
Os cargos na Mesa Diretora, além do prestígio político, garantem maior acesso a verbas e cargos, além da gestão de temas administrativos como imóveis funcionais e passaportes diplomáticos, intensificando a disputa entre os partidos.